A DANÇA DO VENTRE


A dança do ventre é proveniente de um ritual sagrado anterior a mais antiga das civilizações, a dos sumérios. Era dançada em honra à Deusa, a Grande Mãe. Era uma dança de fertilidade (em todos os sentidos) e de agradecimento. Essa antiga dança foi se perpetuando e fazendo parte da vida das sumérias, acádias, babilônias, egípcias e asiáticas, sempre como uma expressão sagrada da identificação da mulher com a Deusa. Desta forma as moças conquistavam forças para sobreviver às rudes condições da época, além de ficarem mais próximas das origens do Universo.

No Egito a dança sagrada foi também praticada pelas sacerdotisas da Deusa Ísis, reverenciando o feminino. Desta dança se originou uma dança que podia ser realizada fora dos templos. Ela conservava a forma e os movimentos da dança sagrada e era realizada nos salões e nas ruas. Foi esse tipo de dança mais popular que se espalhou com o nome de dança do ventre egípcia. Foi uma dança também assimilada pelo festivo povo árabe e, hoje em, dia tem algumas influências ocidentais.

A difusão desta bela dança por todo o mundo não é por acaso. A Dança do Ventre desenvolve a força do feminino – uma força negligenciada e menosprezada atualmente, até mesmo desconhecida por muitas mulheres – uma força altamente poderosa. Esta força desenvolve na mulher autoestima, autoconfiança, segurança e unidade. A mulher se autodescobre e se valoriza, além disso, ela entra em contato com o seu Feminino Sagrado, que lhe dá o sentido de irmandade, de totalidade. A Dança do Ventre, assim como toda arte, é também uma terapia e proporciona alegria e prazer ao ser praticada.

A medicina chinesa, assim como outras linhas de saúde holística conceituadas, considera o ventre como o centro de força e de consciência do indivíduo. É nele que se concentram as energias básicas que trazem autoproteção contra as doenças e a velhice prematura. O rejuvenescimento e a longevidade dependem da circulação apropriada da energia do ventre para o resto do corpo. Esta energia não pode ficar estagnada, nem contida, daí a importância de métodos que a estimulem, que a deixem fluir; a dança do ventre é um deles.

O ventre é o nosso centro de gravidade. Ele é a parte de nosso corpo que recebe a maior força de atração do nosso planeta. Esse fato faz-nos concluir que todo o nosso corpo precisa estar alinhado com nosso centro (o ventre) para que haja uma harmonia e equilíbrio em todas as formas de movimento, a começar pelo "simples caminhar".

O ventre da mulher tem importância especial porque nele se encontram o útero e os ovários, nele é gerada uma vida, é através dele que se processa a menstruação e é ele quem "guarda" o sangue da mulher sábia, aquela que já parou de menstruar.


Muitas mulheres deixam de praticar esta dança por conta do errôneo mito de que ela dá barriga. Sempre expliquei para as minhas alunas que o que acontece, na verdade, é que nos países árabes o padrão de beleza feminino é diferente do padrão ocidental, onde exige da mulher um corpo magro. Lá, a mulher com carne é valorizada, com isto, elas não se preocupam em emagrecer. Outro fator que contribui para esta confusão, é o fato de que como a dança do ventre eleva a autoestima, muitas mulheres ocidentais mais gordinhas recorrem a ela para compensarem a baixa-autoestima gerada por não se adequarem aos padrões vigentes de beleza do ocidente. Quer dizer, elas já tinham suas barriguinhas antes de começarem a dançar. E quando se iniciam nos prazeres desta dança sensual, acessam a verdadeira beleza do feminino e começam a se amarem mais e a se valorizarem, independente das formas de seus corpos, que com certeza, com a prática da dança, se tornam mais delineados e vitalizados.


Anna Leão (Favor mencionar fonte e autoria ao reproduzir este artigo).



Comentários