TRANSMUTANDO A DOR



Ontem, a convite de uma amiga, fui ao lançamento do livro "Entre Nós", de Luiza Polessa. O livro fala sobre o câncer vivido e superado pela autora. Como comprei o livro ontem ainda não o li, mas ao folheá-lo e ler algumas passagens, pude perceber o quanto ele é tocante, profundo e sincero.

No evento, enquanto ouvia Luiza falar um pouco de sua experiência e do livro, comecei a pensar sobre a força e a luz que algumas pessoas têm. Vi isto na autora. Ela conseguiu transformar sua dor em algo produtivo e positivo. Fez da escrita parte deste processo, sua forma de terapia e, gerou o livro. Não que ela tenha começado a escrever com este intuito, pelo menos foi o que me pareceu. Mas ela conseguiu dar vazão a sua dor, ao seu medo, ao seu espanto através da escrita.

Muitos dizem que a dor enobrece, que se cresce com ela. Discordo. Acho que isto acontece sim com alguns, mas também vejo muitas pessoas que se revoltam, que ficam amargas, que não crescem absolutamente nada.

Eu, particularmente, não acho que se precise sofrer para crescer. Acho que este pensamento é reflexo de uma cultura judaico-cristã que condena o prazer e só vê "salvação" no sofrimento, pois cultua a culpa. E é por pensar assim que admiro mais ainda pessoas como Luiza.

Vendo aquele salão cheio, numa livraria bacana, pensei em como ela gerou de sua doença algo bom e útil. Não só pelo sucesso daquela noite, pois isto é efêmero, mas principalmente pela gratificação que pessoas como ela sentem em ajudar os outros - Luiza é psicologa e trabalhava com pessoas vítimas do câncer. Pois com certeza seu livro é uma ajuda a pessoas que sofrem ou sofreram da doença e a seus familiars e amigos.

Refletindo sobre tudo isto me lembrei de Marcelo Rubens Paiva que se tornou grande escritor depois do sucesso de seu livro "Feliz Ano Velho", movido pelo acidente que o tornou paraplégico.

Transmutar a dor, conseguir transformá-la em algo produtivo é um dom. Um dom de pessoas que acreditam na vida e em si mesmas, que têm fé, que estão conectadas com sua própria luz e força interior, mesmo que a princípio achem que não as possuem.

Anna Leão

Comentários

, disse…
É tão difícil vencer a nós mesmo. Luiza é uma vencedora. Minha musa..rs!
Adorei o texto!!!
Beijos!