Mulher dual


Eu tenho duas mulheres em mim
Uma que é fogo, outra que é água
Uma que prefere o azul, outra que ama o vermelho
Uma inocente, outra diabólica
Uma que acolhe, outra que desafia
Uma que é criança, outra que é a outra
Uma que é serena, outra que é intensa
Uma que é rio, outra que é mar
Uma que chora, outra que dá risada
Uma que devora, outra que é devorada
Uma que é sábia, outra que se embriaga
Uma que é quieta, outra que se expande
Uma que abençoa, outra que amaldiçoa
Uma que ama, outra que se inflama
Uma que é bruxa, outra que é cética
Uma, coração; outra que é só paixão
Uma que acalma, outra que incendeia
Uma que apenas sente, outra que verbaliza
Uma, ventania; a outra, só alegria
Uma que é doce, a outra, pura pimenta
Uma que afina, outra que desafina
Uma que escreve, outra que dança
Uma que racionaliza, outra que ironiza
Uma que sonha, outra que é só insônia
Uma que silencia, outra que dramatiza
Uma que é vigor, a outra... letargia
Uma, sempre de preto; a outra, arco-iris
Uma, virtuosa; a outra, toda profana
Uma, a mãe; a outra, prostituta
Uma, do boteco; a outra, de Paris
Uma, violino; a outra, da guitarra
Uma, da noite; a outra, da madrugada
Uma do sol, outra da lua
Uma, fada;  outra, sereia
Uma que ama os homens, outra que prefere os rapazes
Uma do pop, a outra do rock 
Uma, sociável; a outra só solidão
Eu, mulher dual... Como todas nós...

Anna Leão ( ao reproduzir este poema favor mencionar fonte e autoria)



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