A pressa que nos consome
Uma tarde de domingo e você sai para passear em algum lugar
tranquilo cercado de natureza... Um parque da sua cidade, ou mesmo uma rua mais
arborizada perto da sua casa. Você faz isso buscando se aquietar depois de uma
semana intensa de compromissos de trabalho, sociais e de internet (claro, quem
consegue ficar longe dela hoje em dia?!)
Ah, você não faz nada disso... Prefere se enfiar no
consumismo desenfreado de um shopping center ou na multidão que lota os cinemas
nos fins-de-semana. Tudo bem, é um direito seu, uma escolha, mas depois não
reclame quando o estresse vier bater à sua porta ou, simplesmente, de uma hora
para outra você sentir que a vida não faz sentido.
A vida faz sentido sim, com certeza, mas só para quem tem tempo
para ela. E o que é ter tempo para a vida? Ter tempo para a vida é ter a
sensibilidade de percebê-la em tudo ao nosso redor, a começar por nós mesmos.
Para isso precisamos de momentos de quietude. Sentir a paz dentro de nós,
desacelerar o ritmo e aprender que qualidade é mais importante do que
quantidade.
Vivemos numa época em que queremos ser tudo e não perder
nada. Cobramo-nos perfeição em todas as
áreas de nossas vidas, sem mesmo termos certeza se queremos assumir alguns
papéis. Queremos ter todas as informações, que chegam até nós incessantemente
como uma cachoeira de fluxo intenso. Os avanços tecnológicos nas áreas de
comunicação nos trazem toda uma gama de informações dos mais diversos tipos.
Lixo e luxo se misturam nas redes por todo o mundo e, nós, como baratas tontas
corremos de um lado para o outro sem parar. Com isso nos esquecemos de filtrar
e consequentemente nos aprofundar. Claro, sem filtro não há tempo para tudo e,
com isso, os ruídos de comunicação se tornam gigantescos, o bom entendimento
não existe e as relações sociais ficam capengas e superficiais.
Lemos um texto na pressa e não percebemos o seu significado,
entendendo outra coisa; a brincadeira bem-humorada de um amigo se transforma,
aos nossos olhos, em uma ofensa sem tamanho; confundimos uma data limite para
algo que nos interessa e perdemos a oportunidade... E por aí vai, rolando,
infinitamente, uma bola de neve que não consegue parar... Que tal derretê-la um
pouquinho dentro do seu fogo interior para poder respirar o ar fresco do que
realmente significa vida?
Tudo tem seu lado bom e ruim, cabe a nós tirarmos o melhor
de cada coisa, de cada oportunidade que a vida nos dá, isso não seria diferente
com os avanços tecnológicos gigantescos dentro das áreas de comunicação e
informação. A internet, por exemplo, me gerou e gera coisas muito positivas,
como poder estar aqui agora sendo lida por você, mas se não tomarmos cuidado,
ela pode nos aprisionar e nos deteriorar, tirando a nossa capacidade de pensar
e sentir. Muitas vezes tenho a visão de um formigueiro, onde nós somos formigas
adestradas, andando em filas, ou amontoadas e aglomeradas, ou mais ainda, andando
atordoadas sem direção.
Toda essa pressa pode, sim, nos ser imposta pelo mundo
exterior, que nos incita a correr, gerando ansiedade o tempo todo. Mas aquele
que consegue estar em si e valoriza esse estado, consegue viver no centro,
enquanto o mundo gira freneticamente ao seu redor. E sua qualidade de vida é
infinitamente maior, pois ele sabe quem é e conhece seu vasto mundo interior.
Anna de Leão (favor mencionar fonte e autoria ao reproduzir este artigo)
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