Dia 1 - Por que Druidismo?




Seguir uma religião para mim não é querer enfiar os ensinamentos dela a todo custo em nossas cabeças porque achamos , por algum motivo, que este é o caminho ideal. Ao contrário, para mim seguir uma religião é nos identificarmos com sua filosofia e espiritualidade, é aprendermos mais um ensinamento e nos maravilharmos com ele porque sempre pensamos da mesma forma. Ou  é quando ouvimos um ensinamento e por mais que nunca tenhamos pensado daquela forma, aquilo passa a fazer um sentido enorme, como se estivesse adormecido em algum lugar dentro de nós e houvesse despertado. O Druidismo me traz esta satisfação, no entanto, tive que peregrinar muito até tomar ciência da sua existência. Eu simplesmente não tinha o conhecimento de religiões pagãs e politeístas contemporâneas.

Desde adolescente me interesso muito pela magia. Estudei astrologia, ocultismo e magia cerimonial. Sempre admirei muito a ocultista Dion Fortune, me identificava muito com os seus ensinamentos. Porém o ocultismo dela era baseado no Cristianismo. Como eu não conhecia outra coisa achava tudo ótimo.

Mas é bem interessante observar que não gostava nada dos livros de Eliphas Levi, ocultista muito mais antigo que Fortune e provavelmente em quem  a Magia Cerimonial do século passado se respaldou. Mesmo assim a releitura de Fortune era leve e cheia de Luz, com um toque e uma ênfase muito grande no feminino, enquanto os conteúdos de Levi  eram pesados, muito pesados.  Sentia  de Levi o peso do patriarcado, a interpretação de tudo pelo enfoque de uma época, além do Paganismo ser muito mal visto.

Provavelmente minha alma pagã percebia isto e me dava estes avisos, estas intuições, pois minha mente consciente ainda não conhecia o Paganismo como um caminho espiritual. Apenas ouvia falar de algo que parecia estar muito distante, pra lá dos tempos  antes de Cristo.

Lembro-me que por estas épocas eu formava grupos de estudo com uma amiga também interessada no assunto magia, além de me meter numas organizações pra lá de duvidosas. Entretanto, o meu sexto sentido era tão forte que logo dava um jeito de avisar que não era aquele o caminho.

Por fim, continuei a busca sozinha  conhecendo caminhos espirituais diversos, até que, finalmente, ouvi o chamado dos Deuses, mais precisamente das Deusas. Simplesmente fiquei maravilhada em encontrar uma espiritualidade que reverenciava a Terra e suas forças, os Deuses e a sacralidade do Feminino. Sim, iniciei em Lughnassad de 2005 no que eu chamava de Caminho da Deusa e que, logo, fui conhecer como Wicca. Entretanto, conforme o tempo ia passando eu sentia cada vez mais a necessidade de me aprofundar nas raizes célticas. Eu não entendia como celebrávamos festivais celtas com Deusas de outras culturas. Foi então que cerca de dois anos depois me vi colocando os pés para fora da Wicca e adentrando o Druidismo.

Descobrir a Magia Natural foi muito mais vital para mim do que conhecer a magia cerimonial. Perceber a importância da Natureza em todos os sentidos, em todas as suas nuances e me conectar cada vez mais a ela, foi um dos grandes presentes que o Druidismo me trouxe. E poder ouvir ressoar em meu coração não só as Deusas, como também os Deuses celtas foi e continua sendo uma grande benção. Desbravar um novo mundo tão rico e profundo que conhecemos  através da mitologia céltica e acessá-lo em jornadas xamânicas ou  meditações  faz a minha alma se alegrar e parar de buscar, apenas querer cada vez mais se aprofundar.

Sadb Leannan Coll

Comentários