Dia 25 - Pisando Leve
Entretanto, o que me dá prazer pode não dar a você, e isso que é o bacana! A diversidade do ser humano também atua aí, no que lhe dá prazer.
A espiritualidade druídica precisa de muito estudo e seriedade, mas ela também tem lugar para o prazer. Ah, e como tem! Não podemos esquecer dos povos celtas que adoravam celebrar e se divertir. E os Deuses então?! E os feéricos com sua leveza?!
É importante buscarmos o que nos dá prazer e dar espaço para ele na nossa vida. Perceberemos como ela ficará mais leve.
Talvez seja fácil para mim dizer isto, pois sempre me senti alguém do prazer. Mas como nada é por acaso, há alguns meses fiz um trabalho terapêutico em grupo (à parte do Druidismo), onde a partir de uma indução trazíamos ao consciente nossas memórias intra-uterinas e do momento do nascimento. Buscávamos as sensações e sentimentos neste processo, o que indicaria a nossa força.
Leveza e prazer foi o que reverberou para mim, o que pudemos concluir que tudo que eu realizar na vida precisa ser feito com estas qualidades, pois são a minha força.
Embora eu já tenha essa vibe, não é sempre fácil, pois a gente se cobra. Vivemos num mundo que exige o esforço, o dar duro e o sacrifício. Mas tudo isso podemos fazer de forma leve e prazerosa. É só mudarmos a nossa lente e percebermos como a vida conversa conosco.
Em sintonia com o tema e demonstrando que as respostas estão sempre dentro de nós, fecho este dia com um pequeno conto que escrevi há alguns anos, bem antes de fazer a vivência terapêutica mencionada acima.
E ela fazia o que podia...
E ela fazia o que podia…
Tentava, tentava, tentava, e fazia o que podia.
Plantava, colhia, plantava, colhia… Mas nunca colhia o que dizia realmente querer.
Talvez não usasse as sementes certas…
Talvez não cuidasse o suficiente do seu plantio.
Como queria ter um belo e florido jardim se não lhe dedicava tempo suficiente?
Muitas vezes preferia se transformar numa borboleta e perambular pelos ares…
Mas ela fazia o que podia, pois também precisava dar os seus voos periodicamente…
Ela era leve, livre, colorida.
Ela era esperta, doce e amorosa… E queria brincar… Precisava brincar e levar brincadeiras para o mundo.
E era isto que ela fazia quando em sua forma de borboleta… Ela distribuía prazer, sonhos e brincadeiras para todos que encontrava.
Nem sempre ela percebia o que fazia, ou melhor, o significado do que fazia, mas a verdade é que ela fazia.
Sim, ela encantava a todos com a sua magia… Mas não percebia que com isto já fazia o que queria.
Portanto, voltava para plantar as sementes e cultivar seu jardim.
Mas o jardim já estava pronto, só que ele não ficava ali, não naquele pedaço pequeno de terra.
Seu jardim era o mundo. E ela, sem perceber, também plantava suas sementes nele, e o regava com regularidade.
Um belo dia as coisas mudaram drasticamente…
Seu pequeno jardim foi inundado por uma terrível tempestade.
Ela achou que tinha perdido tudo e, desolada, transformou-se novamente em borboleta para tentar amenizar o seu pesar.
E qual foi a sua grande surpresa?
Ao sair de novo batendo suas asas pelo mundo, o seu prazer e a sua alegria por voar livremente contagiavam, mais uma vez, o coração de todos, que abriam um sorriso sempre que ela passava.
Aquele era o seu maior dom, embora ela nunca o percebesse.
E naquela ocasião ela foi acolhida por todos, ela foi acolhida pelo mundo, pelo seu verdadeiro jardim… O maior de todos, o mais belo, aquele em que ela plantou e cultivou com prazer, alegria e leveza… Aquele que retratava realmente a sua essência.
(extraído do livro Por Um Pouco Mais de Felicidade - Anna de Leão)
Sadb Leannan Coll
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