Dia 8 - Divindades e Crença



"Muitos crêem que os humanos criaram as divindades, e que podem desfazê-las novamente; mas nós, que as vimos passar com seus arreios tilintantes e trajando túnicas suaves, nós que ouvimos suas vozes articuladas enquanto permanecíamos como que em transe mortal, sabemos que eles estão constantemente criando e desfazendo a humanidade". William Butler Yeats,  em Rosa Alchemica.

Falar dos Deuses é bastante complexo, não tão fácil quanto possa parecer. Muitos acham que eles vivem em outras dimensões, outros  que vieram das estrelas, e podem ser nossos ancestrais. Há os que pensam que são apenas meros arquétipos, símbolos de energias. E ainda há os que não acreditam neles, vendo–os apenas como lendas folclóricas sem fundamento algum. Esta  última hipótese está completamente fora de questão, vide as palavras de Yeats no início deste texto,  para falar o mínimo. 

Os Deuses são reais, são nossos ancestrais, alguns vieram das estrelas, outros não. Uns vivem em outras dimensões, enquanto outros vivem bem perto de nós. Na realidade, eles transitam entre os mundos, nos inspirando o tempo todo se nós deixarmos e prestarmos atenção. 

Penso neles como amigos, aliados, pelo menos com aqueles que mantenho uma conexão. Não, nada diso, não me sinto especial e escolhida pelos Deuses. A questão é que há algum tempo parei de duvidar das minhas meditações, achando que era coisa da minha imaginação, coisa de cabeça de escritora. Aprendi que a imaginação é um poderoso canal de conexão com os Deuses e com os outros mundos. Pessoas já sussurravam isso nos meus ouvidos, mesmo assim eu ainda duvidava, até que o Druidismo, com a noção do Awen, me fez acreditar.

Através das nossas vivências imagéticas temos as nossas gnoses pessoais e podemos ter o contato com os Iluminados. Porém, com certeza, precisamos ter cuidado para não viajarmos na maionese. Estudo sério, um bom discernimento e os pés bem plantados no chão ajudam. Pois é aquela história, quanto mais profundas as raízes, maior a copa da árvore.

Para cultivarmos a conexão com os Deuses e nos aprofundarmos nela temos infinitas práticas. Em primeiro lugar, estudar sobre eles, sua mitologia, cultura. Este estudo deve ser feito através de fontes confiáveis, como a história, a arqueologia e a mitologia e em livros e sites que se baseiam nestas disciplinas. A partir daí podemos ir adentrando nas meditações, jornadas xamânicas, rituais e oferendas. 

Podemos montar “nossos” altares e fazer oferendas como flores, frutas, bebidas, sementes, pães, leite – tudo isto vai variar de acordo com a divindade. Os rituais e festivais também são ótimos momentos para estabelecermos uma ligação com os Deuses, que pode ser  perpetuada e intensificada através de preces, meditações e das oferendas. Cada um precisa achar seu próprio ritmo e sentir quando fazer uma oferenda.

Estarmos atentos a tratarmos cada divindade de modo especifico, de acordo com suas culturas, ofertando os alimentos que apreciam, por exemplo, e não o que nos dá na telha, já é meio caminho andado. A poir coisa é quando ganhamos de uma amiga um presente que nada tem a ver conosco e sim com a própria amiga, certo? Então fiquemos atentos com os Deuses. Eles são mais parecidos conosco do que pensamos.

Agora, nada impede que, do nada, mais que de repente, uma Deusa ou Deus se apresente a você. Fique atento, pois isso pode se dar de várias formas; em sonhos, através de símbolos ou animais que sejam os totens daquela divindade, para citar alguns exemplos.  

Nestes casos o caminho será inverso e, a partir deste contato, você começará sua pesquisa e investigação acerca da divindade apresentada. Mas sempre se respalde nos estudos e no conhecimento substancioso, isso é muito importante.

Ao final de tudo isso chego à conclusão de que me enganei quando disse no início que falar dos Deuses é bem complexo. Não, é muito simples. E sabe por quê? Porque esqueci de mencionar um lugar onde eles também vivem: dentro de nós.

Sadb Leannan Coll





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