Dia 29 - Futuro


Eu sou, por natureza, uma pessoa otimista. Porém, é difícil escrever sobre o futuro com uma perspectiva positiva na atual conjuntura em que estamos vivendo: uma guerra arbitrária com a Rússia invadindo a Ucrânia (e sabe-se lá onde isso vai levar), dois anos de pandemia, com várias variantes pipocando, e a hipocrisia reinando no mundo.

Ontem li a triste notícia de que 80 árvores foram derrubadas, em uma praça aqui no Rio de Janeiro, para a construção da nova sede do consulado americano na cidade. Para “compensar”, 190 mudas serão plantadas, como manda a lei de proteção ao meio ambiente.

Que proteção é essa, se foram assassinadas 80 árvores?! Quanta hipocrisia! Leis que têm como base um pensamento hipócrita desses não deveriam nem ser consideradas leis!

Além do descontentamento da população local, que reclamou de não haver mais sombra para praticar exercícios na praça, já que as mudas irão demorar bastante a crescer para poderem proteger as pessoas do sol, e outras lamentações pessoais, nota- se a falta de uma consciência anímica. Ninguém se importa com a vida de cada uma daquelas árvores.

Não há a consciência - inerente ao Druidismo - sobre o Povo-em-Pé ( como os nativos norte-americanos chamam nossas amigas vegetais) como seres vivos. Seres com uma essência individualizada, com alma, Espíritos da Natureza. O que me assusta mais é que esta consciência está muito distante da mente de grande parte da população. E se formos analisar os movimentos em prol da defesa do meio ambiente, perceberemos que as intenções na maioria não são movidas por preocupações  com as outras formas de vida, em solidariedade a elas, e sim, com o ganho pessoal e da coletividade humana para conseguirem manter - ou recuperar - um planeta saudável, que forneça boa estrutura e nutrição para habitarem. 

Eu tenho um amor profundo pelas árvores em particular, esses seres tão majestosos, e quando li a reportagem, não pude acreditar que não fosse pensado, em nenhum momento sequer, que estava-se tirando uma vida, ou melhor, 80 vidas. Por que não fazer a nova sede do consulado americano em um imóvel já existente em vez de colocar abaixo uma praça arborizada? Temos tantos prédios e casas abandonadas!

Percebo, que no fundo, todos seguem justificando suas más condutas ao seu bel-prazer, seja em que área for. Por isso estamos vivendo num mundo desassociado, raso e fake.

Como já disse nestes 30 Dias Druídicos, o Druidismo não faz proselitismo e eu, pessoalmente, concordo totalmente com isso. No entanto, isso não quer dizer que não possamos conscientizar as pessoas. Como, então, espalhar esse conhecimento sobre o animismo, despertando essa consciência na população em geral? (Aceito sugestões!) Aliás, a visão anímica de mundo não é propriedade nossa, ela também se encontra em outros caminhos espirituais e filosóficos como o Taoismo, Xintoísmo, todas as vertentes do paganismo, entre outros.

Sinto muito ter escrito um texto tão fora do meu habitual neste dia, mas não conseguiria falar de futuro de outra forma neste momento. Espero que sirva para alguma coisa, assim como espero, mil vezes mais, que em breve possamos vislumbrar um futuro ao menos digno para nós.

Nota: Na foto do post, que tirei em dezembro do ano passado, estou ao lado do Carvalho que plantei no sítio do meu irmão no solstício de verão de 2016. Que sua sabedoria e força benevolente possa ser um emblema para um futuro de paz e maior consciência. 

Sadb Leannan Coll


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